Aguardem, ungidinhos

Milhares de ungidinhos proclamando com feroz alegria a minha humilhante derrota ante o superior discernimento teológico de um tal sr. Yago Martins suscitaram em mim, de início, só estranheza, porque o texto exposto ao julgamento crítico do referido cidadão era apenas o post “Por que não sou ‘evangélico’” onde não explico nada da minha filosofia, apenas emito opiniões de ocasião sobre assunto periférico, de modo que mesmo sua refutação integral e definitiva, caso acontecesse, em nada deporia contra a minha pessoa nem a minha obra.

Afinal, como dizia Antonio Gramsci, “não é muito ‘científico’ (ou, mais simplesmente, ‘muito sério’)… escolher entre as opiniões dos adversários as menos essenciais e as mais ocasionais, presumido assim ter ‘destruído’ ‘todo’ o adversário porque se destruiu uma sua opinião secundária e acidental”.

No entanto, o tom das mensagens que me davam ciência das palavras do sr. Yago sugeria, quando não proclamava abertamente, algo como a total derrocada de um monstro de orgulho intelectual – eu.

Intrigado pela cômica desproporção entre essa efusão coletiva de “Schadenfreude” triunfal e a modéstia do texto que o meu vitorioso refutador teria reduzido a pó, bem como pelo tom desafiador com que os remetentes me exigiam uma resposta cabal ou a confissão de ser mesmo um bosta, busquei o vídeo do sr. Yago, disposto a seguir até o fim as suas ponderações e averiguar se deveria concordar com elas ou contestá-las.

Não aguentei. Fui até o minuto 14, e parei. Era um erro por minuto, um besteirol sem mais tamanho, fruto da arrogância autobeatificante de um analfabeto que escrevia “bucho” com “x” e “fralda” com “u” e que, pavoneando-se de dominador perfeito do grego antigo, mostrou não conhecer nem a fonética nem o alfabeto desse idioma.

Tomei algumas notas, mas, já sem o ânimo de redigir a resposta em regra que a multidão de yaguettes me exigia, passei-as ao Bernardo Kuster para que as acrescentasse ao vídeo-resposta que me contou estar preparando.

Portanto, aguardem.