Hegemonias

TODA tentativa de controle estatal sobre as opiniões que um professor pode ou não pode emitir em classe é uma intervenção ditatorial indevida que só pode ter resultados desastrosos. O único meio legítimo de limitar os efeitos de uma opinião sobre a platéia é confrontá-la com outras opiniões, mas, no caso brasileiro, os professores comunistas já tomaram todas as medidas para impedir que isso aconteça. O problema nas nossas escolas não é, pois, propaganda e doutrinação, mas controle ditatorial da opinião por um grupo ideológico fanático e quase psicótico. Não precisamos de um controle igual e contrário, que só reforçará pela reação corporativa aquele já existente, mas de uma DISSOLUÇÃO DA HEGEMONIA por meio do debate público e do enfrentamento cultural ostensivo.

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Na mídia brasileira, até o liberalismo já virou “extrema direita”. A quota de diretismo permitido aproxima-se velozmente do nível zero, enquanto sobe ao infinito o número daqueles que, seguindo a opinião do Lula, consideram isso a perfeição da democracia.

 

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Antonio Gramsci ensinava que para conquistar o domínio hegemônico o Partido precisava formar um número suficiente de “intelectuais orgânicos” a serviço da sua causa. No meu entender, tentar formar “intelectuais orgânicos” com signo ideológico inverso só piora as coisas, pois petrifica o universo da cutura e o reduz a pura propaganda ideológica, uma situação imbecilizante e psicótica da qual, justamente, só o lado mais fanático e mais burro pode tirar proveito. A soliução é formar “intelectuais tradicionais”, como os chamava Gramsci, cuja visão do mundo transcenda infinitamente o quadro dos miíudos debates ideológicos do dia. É óbvio que a turma do Partido tentará carimbá-los como “intelectuais orgânicos da burguesia”, mesmo que para isso seja preciso apelar à falsificação completa das suas idéias.