Notinhas suplementares

A repetição uniforme de mantras difamatórios caracteriza inconfundivelmente a campanha de assassinato de reputação. Quem assim se comporta não está numa disputa de idéias, e sim numa disputa de público.

 

 

 

Alguns autoconstituídos “líderes evangélicos”, da estatura moral do Julio Soumzero, devem estar aterrorizados com o número crescente de seus fiéis que me lêem e apreciam. Temendo perder a liderança — como se eu a estivesse disputando –, mobilizam então a massa para repetir slogans difamatórios,

 

 

 

Para qualquer pessoa que saiba ler, deveria ser patente à primeira vista, na discussão entre um velho de setenta e um anos que entra em campo reconhecendo a exiguidade dos seus conhecimentos, e o jovem de vinte e poucos que já chega se gabando de amplo domínio da matéria, qual dos dois é o humilde e qual o arrogante.
Para as yaguettes, no entanto, o Yago Martins personifica a autoridade da Bíblia, e contrariá-lo é erguer-se contra o próprio Deus – um hediondo pecado de soberba.

 

 


O mais grosseiro vício de pensamento – e o efeito mais visível do analfabetismo funcional – é a “ignoratio elenchi”: a incapacidade de perceber qual o ponto em discussão. Seu sinal mais patente é a dissolução do específico no genérico. Por exemplo, se estamos discutindo a questão da Eucaristia nas doutrinas de Lutero e Calvino, o analfabeto funcional transforma isso logo num confronto geral de protestantismo e catolicismo, e dispara contra a igreja adversária todas as acusações mais disparatadas que lhe vêm à cabeça, sem notar que cada uma delas não apenas é incapaz de resolver a questão inicial, mas levanta, por si mesma, uma discussão em separado, em geral tão difícil e complicada quanto a primeira. Na minha discussão com o sr. Yago Martins, apareceram, entre outros temas alheios ao ponto central, as fogueiras da Inquisição, a Noite de S. Bartolomeu, o capitalismo americano e até – pasmem! – o formato do templo erigido “post mortem” em ambígua homenagem ao Padre Pio. É evidente que nenhuma discussão racional sobrevive a essa operação, a qual dissolve todas as questões num confronto geral de torcidas – uma disputa “política” no sentido de Carl Schmitt, impossível de ser arbitrada senão pelo recenseamento do número de gritos.

 

 

Essa gente é tão burra e despreparada, que acha que demonstrar o analfabetismo funcional nos argumentos de um opositor é “argumentum ad hominem”.

 

 

 

O sr. Carlos Velasco, anos atrás, publicou numa revista russa um artigo no qual se gabava de ter descoberto um perigoso agente sionista incumbido de provocar uma guerra na América Latina. O sr. Julio Severo, que com a ajuda de um parceriro tradutor do russo invoca todas as maldições bíblicas contra o referido agente, já foi várias vezes à Rússia dar relatório dos seus serviços prestados. Espero que o governo Putin não seja mão-de-vaca ao ponto de recusar um subsidiozinho a tão prestimosos servidores.