A missão da Fôia

Só a total ignorância do que seja o movimento comunista pode justificar que se veja no famoso plano de dominação continental do PT seja um mero boato, seja uma realidade material, como tendem a vê-lo, respectivamente, a esquerda chique e a direita brega.

A dialética interna do movimento comunista emprega sistematicamente a técnica chamada do “pé na porta”, que consiste em avançar exigências ousadas para forçar a aprovação de outras mais moderadas, entendidas como etapas preliminares para a realização daquelas ou como substitutivos aceitáveis caso elas se revelem prematuras ou utópicas.

Se os detalhes divulgados não se integraram formalmente no plano geral do Foro de São Paulo, ajudaram a formulá-lo e a torná-lo, por contraste, mais anestésico. Mas que esse plano É de dominação continental comunista é algo que ninguém que haja lido os documentos internos daquela entidade pode negar. A Fôia de S. Paulo, mentirosa e fingida como sempre, desmente as hipóteses de detalhe para com isso negar a realidade do conjunto. Ocultar, camuflar e adocicar os planos do Foro de São Paulo tem sido a missão da Fôia desde 1990.

Filosofia no Brasil

As principais ocupações de um filósofo universitário brasileiro hoje em dia são: (a) desentender as idéias dos filósofos do passado para poder continuar a discuti-las sem jamais chegar a entendê-las; (b) criar e destruir respostas para alguns interessantes e divertidos enigmas lógicos como o problema de Gettier ou o paradoxo de Russell, de cuja solução ou falta dela não resultará absolutamente nada; (c) controlar meticulosamente o número de publicações em revistas especializadas e participações em congressos filosóficos necessário para conquistar e manter um posto capaz de equilibrar o orçamento doméstico; (d) concordar com os pares em todas as questões essenciais da vida, como por exemplo votar no Haddad para presidente da República.

Fascismo e fascistas

Nunca é demais lembrar aos antifascistas de plantão que o fascismo é, aliás tanto quanto o marxismo, uma ideologia organizada e racional da qual eles não sabem ABSOLUTAMENTE NADA, o que lhes garante a deliciosa liberdade de poder aplicar a quaisquer opiniões soltas que lhes desagradem o nome desse fenômeno, imantado de evocações macabras quase sempre sem a menor relação com a realidade histórica correspondente. Basta lembrar que, no Brasil, o único governo fascista que tivemos foi o de Getúlio Vargas, do qual esses mesmíssimos antifascistas se orgulham de ser herdeiros e imitadores. O debate político brasileiro é um bate-boca no hospício entre loucos que disputam o monopólio da privada.

Notinhas suplementares

A repetição uniforme de mantras difamatórios caracteriza inconfundivelmente a campanha de assassinato de reputação. Quem assim se comporta não está numa disputa de idéias, e sim numa disputa de público.

 

 

 

Alguns autoconstituídos “líderes evangélicos”, da estatura moral do Julio Soumzero, devem estar aterrorizados com o número crescente de seus fiéis que me lêem e apreciam. Temendo perder a liderança — como se eu a estivesse disputando –, mobilizam então a massa para repetir slogans difamatórios,

 

 

 

Para qualquer pessoa que saiba ler, deveria ser patente à primeira vista, na discussão entre um velho de setenta e um anos que entra em campo reconhecendo a exiguidade dos seus conhecimentos, e o jovem de vinte e poucos que já chega se gabando de amplo domínio da matéria, qual dos dois é o humilde e qual o arrogante.
Para as yaguettes, no entanto, o Yago Martins personifica a autoridade da Bíblia, e contrariá-lo é erguer-se contra o próprio Deus – um hediondo pecado de soberba.

 

 


O mais grosseiro vício de pensamento – e o efeito mais visível do analfabetismo funcional – é a “ignoratio elenchi”: a incapacidade de perceber qual o ponto em discussão. Seu sinal mais patente é a dissolução do específico no genérico. Por exemplo, se estamos discutindo a questão da Eucaristia nas doutrinas de Lutero e Calvino, o analfabeto funcional transforma isso logo num confronto geral de protestantismo e catolicismo, e dispara contra a igreja adversária todas as acusações mais disparatadas que lhe vêm à cabeça, sem notar que cada uma delas não apenas é incapaz de resolver a questão inicial, mas levanta, por si mesma, uma discussão em separado, em geral tão difícil e complicada quanto a primeira. Na minha discussão com o sr. Yago Martins, apareceram, entre outros temas alheios ao ponto central, as fogueiras da Inquisição, a Noite de S. Bartolomeu, o capitalismo americano e até – pasmem! – o formato do templo erigido “post mortem” em ambígua homenagem ao Padre Pio. É evidente que nenhuma discussão racional sobrevive a essa operação, a qual dissolve todas as questões num confronto geral de torcidas – uma disputa “política” no sentido de Carl Schmitt, impossível de ser arbitrada senão pelo recenseamento do número de gritos.

 

 

Essa gente é tão burra e despreparada, que acha que demonstrar o analfabetismo funcional nos argumentos de um opositor é “argumentum ad hominem”.

 

 

 

O sr. Carlos Velasco, anos atrás, publicou numa revista russa um artigo no qual se gabava de ter descoberto um perigoso agente sionista incumbido de provocar uma guerra na América Latina. O sr. Julio Severo, que com a ajuda de um parceriro tradutor do russo invoca todas as maldições bíblicas contra o referido agente, já foi várias vezes à Rússia dar relatório dos seus serviços prestados. Espero que o governo Putin não seja mão-de-vaca ao ponto de recusar um subsidiozinho a tão prestimosos servidores.

 

 

Animais

Uma prova cabal do analfabetismo funcional endêmico entre os yaguettes que me enviaram mensagens é que TODOS, sem exceção, entenderam a minha conversa com o Yago como uma polêmica catolicismo versus protestantismo, sem reparar que nem eu disse uma palavra a favor do catoliciamo nem ele disse uma contra. É IMPOSSíVEL a essa gente entender o que lê em vez de saltar para um confronto geral entre torcidas. Bando de animais.

Atenuante

Nem por um segundo me passou pela cabeça a idéia de que o Yago Martins fosse malicioso ou desonesto. Ele apenas lê muito mal. O que escrevi a respeito depõe menos contra ele do que contra o ensino universitário brasileiro, de teologia ou de qualquer outra coisa, que infunde no estudante inculto e despreparado um falso sentimento de segurança baseado no seu diploma e na aprovação dos pares. A rigor, o estudante que escreve “bucho” com “x” e “fralda” com “u” não poderia ser aprovado no vestibular, quanto mais sair da faculdade com canudo na mão e certezas absurdas na cabeça.

Mais dois dedos de yaguismo

Quando escrevi que Lutero e Calvino haviam reduzido a Eucaristia a um memorial, o Yago  Martins respondeu, com ar triunfante, citando trechos em que os dois líderes protestantes afirmavam resolutamente a presença real de Cristo no pão e no vinho daquele sacramento. O problema, que o homem dos dois dedos não percebeu ou não quis perceber, é que eles não afirmaram “a” presença real no sentido literal e forte que a Igreja Católica designa como “transubstanciação”, e sim apenas aquilo que ELES PRÓPRIOS entendiam por “presença real”. E o que é que eles entendiam? Lutero dizia que as espécies eucarísticas NÃO SE TRANSMUTAVAM no corpo e no sangue do Salvador, mas continuavam intactas na sua estrutura material, sobre a qual Jesus apenas “se depositava” por um meio que veio a ser chamado de “consubstanciação” e que o próprio Lutero confessava não saber que raio de coisa fosse. Calvino, por seu lado, acreditava que Jesus ali estava presente apenas “em espírito” e “para a fé”.

Uma boa teoria é, por definição, aquela que explica os fatos. A transubstanciação explica o fenômeno das hóstias que sangram, infinitamente repetido através do mundo e conformado laboratorialmente pelo dr. Ricardo Castañon.

É óbvio que, se uma hóstia sangra, ela é carne e não somente pão, nem muito menos “presença espiritual”.

Não podendo dar conta desse fenômeno nem pela teoria de Lutero nem pela de Calvino, muitos protestantes (não se se o próprio Yago também) têm de explicar esse milagre eucarístico seja como trapaça, seja como obra do demônio. No primeiro caso, jamais houve sequer uma tentativa séria de provar trapaça no caso de algum milagre eucarístico oficialmente reconhecido pela Igreja. A segunda hipótese pode ter um tremendo impacto como insulto, mas, logicamente, resulta em dizer que o demônio tem o poder de transmutar a matéria, o qual Deus não tem. Sto. Agostinho já observava que nada agrada mais aos demônios do que exagerar o alcance dos seus poderes. O diabolismo involuntário dessa explicação já denota uma confusão mental que pode, esta sim, ser explicada seja como fruto da inépcia natural, seja como obra dos demônios.

A Eucaristia é o meio pelo qual o fiel, absorvendo o corpo e o sangue de Cristo, vai transformando neles o seu próprio corpo e o seu próprio sangue, e assim participando do sacrifício do Calvário não somente em espírito, mas materialmente, pelos seus sofrimentos terrestres.

Se não há transmutação, se o pão e o vinho não são materialmente o corpo de Cristo, se são apenas o inalterado suporte material de uma presença misteriosa, o que se come e se bebe na Eucaristia é somente esse suporte, e não necessariamente a presença, já que o próprio Lutero se recusa a expor algum nexo de necessidade entre uma coisa e a outra.

Se, pior ainda, a presença é somente espiritual e “para a fé”, não se vê como um elemento puramente espiritual poderia ser comido ou bebido. As palavras de Cristo, “Quem não come do meu corpo nem bebe do meu sangue não terá a vida eterna”, reduzem-se assim a uma metáfora despropositada e de um mau-gosto macabro. É literalmente assim que o Yago as interpreta, julgando-se, nisso, muito fiel a Cristo, o que mostra um estado de desorientação mental quase psicótico.

Segue-se daí a conclusão inevitável de que, tanto no luteranismo como no calvinismo não há integração do corpo do fiel no corpo de Cristo, nem participação real no sacrifício do Calvário, nem, portanto, Eucaristia nenhuma, apenas uma intenção ou vaga imitação de Eucaristia – um “memorial”, na melhor das hipóteses.

O problema com o Yago Martins é que, lendo mal, ele se apega ao sentido imediato e aparente do texto, em vez de compreender a sua lógica interna. Confesso que, tendo sido um tanto compacto e sumário demais na questão do “memorial” e presumindo da inteligência do leitor, cavei involuntariamente no chão um buraco no qual o homem dos dois dedos se apressou em mergulhar, quebrando ali não só os dois dedos, mas as duas pernas.

 

 

 

Primeira leitura da Missa de hoje

Isaias, 50:5-9

5 O Soberano, o Senhor,
abriu os meus ouvidos,
e eu não tenho sido rebelde;
eu não me afastei.
6 Ofereci minhas costas
àqueles que me batiam,
meu rosto àqueles
que arrancavam minha barba;
não escondi a face da zombaria
e dos cuspes.
7 Porque o Senhor, o Soberano, me ajuda,
não serei constrangido.
Por isso eu me opus firme
como uma dura rocha
e sei que não ficarei decepcionado.
8 Aquele que defende o meu nome
está perto.
Quem poderá trazer acusações contra mim?
Encaremo-nos um ao outro!
Quem é meu acusador?
Que ele me enfrente!
9 É o Soberano, o Senhor, que me ajuda.
Quem irá me condenar?
Todos eles se desgastam
como uma roupa;
as traças os consumirão.

Aguardem, ungidinhos

Milhares de ungidinhos proclamando com feroz alegria a minha humilhante derrota ante o superior discernimento teológico de um tal sr. Yago Martins suscitaram em mim, de início, só estranheza, porque o texto exposto ao julgamento crítico do referido cidadão era apenas o post “Por que não sou ‘evangélico’” onde não explico nada da minha filosofia, apenas emito opiniões de ocasião sobre assunto periférico, de modo que mesmo sua refutação integral e definitiva, caso acontecesse, em nada deporia contra a minha pessoa nem a minha obra.

Afinal, como dizia Antonio Gramsci, “não é muito ‘científico’ (ou, mais simplesmente, ‘muito sério’)… escolher entre as opiniões dos adversários as menos essenciais e as mais ocasionais, presumido assim ter ‘destruído’ ‘todo’ o adversário porque se destruiu uma sua opinião secundária e acidental”.

No entanto, o tom das mensagens que me davam ciência das palavras do sr. Yago sugeria, quando não proclamava abertamente, algo como a total derrocada de um monstro de orgulho intelectual – eu.

Intrigado pela cômica desproporção entre essa efusão coletiva de “Schadenfreude” triunfal e a modéstia do texto que o meu vitorioso refutador teria reduzido a pó, bem como pelo tom desafiador com que os remetentes me exigiam uma resposta cabal ou a confissão de ser mesmo um bosta, busquei o vídeo do sr. Yago, disposto a seguir até o fim as suas ponderações e averiguar se deveria concordar com elas ou contestá-las.

Não aguentei. Fui até o minuto 14, e parei. Era um erro por minuto, um besteirol sem mais tamanho, fruto da arrogância autobeatificante de um analfabeto que escrevia “bucho” com “x” e “fralda” com “u” e que, pavoneando-se de dominador perfeito do grego antigo, mostrou não conhecer nem a fonética nem o alfabeto desse idioma.

Tomei algumas notas, mas, já sem o ânimo de redigir a resposta em regra que a multidão de yaguettes me exigia, passei-as ao Bernardo Kuster para que as acrescentasse ao vídeo-resposta que me contou estar preparando.

Portanto, aguardem.