Lendas urbanas anticatólicas

Não creio ser possível desmentir estes fatos históricos: (1) Lutero e Calvino, embora pregando a livre interpretação da Bíblia, foram implacáveis na repressão a grupos dissidentes. (2) Os dissidentes perseguidos, por sua vez, também nada tinham de tolerantes ou democráticos. Eram fanáticos revolucionários. Foi só na América, para onde vieram fugidos, que alguns desses grupos aprenderam o valor da diversidade e da convivência democrática.

Noventa e nove por cento das objeções que me enviam são pura “ignoratio elenchi” — a incapacidade de perceber qual o ponto em discussão.

A quantidade de lendas urbanas com que os pastores “evangélicos” estufam a cabeça dos seus fiéis vacina-os para sempre contra qualquer conhecimento histórico. Contra a Igreja Católica, eles alegam até a matança de bruxas em Salém e o suicídio coletivo dos discípulos de Jim Jones. A linguagem com que os protestantes brasileiros se referem à Igreja Católica é sistematicamente INSULTUOSA E OBSCENA.

Os que se dizem “evangélicos”, no Brasil, têm menos amor a Deus do que ódio à Igreja Católica. Na verdade acham que essas duas coisas são a mesma.

TODO protestante raciocina com base na premissa de que os maus protestantes não representam o protestantismo mas os maus católicos representam o catolicismo. Por exemplo, Jim Jones não representa o protestantismo, mas os padres pedófilos representam o catolicismo.

No meu modesto entender, se não há uma autoridade central investida do poder de decidir quem pertence ou não pertence à religião, e se, mais ainda, vigora no protestantismo a livre interpretação da Bíblia, então qualquer um que sem ser católico faça pregação bíblica, pouco importando a interpretação aí contida, TEM DE SER reconhecido como protestante. Isso vai de Billy Graham a Jim Jones. Quem, para defender a honra do protestantismo, exclui dele os que lhe parecem inconvenientes, exerce uma autoridade que não tem e prova, com isso, ser um TRAPACEIRO.

Na hora de se gabar do número de fiéis, entram no protestantismo todas as denominações. Na hora de responder pelos crimes, muitas delas são excluídas para limpar a reputação das outras.
Não se pode discutir com um toco de sabonete na banheira.

Para começar a entender a encrenca em que vocês, protestantes, estão metidos: leiam Rodney Stark, “Reformation Myths: Five Centuries of Misconceptions and (Some) Misfortunes”. O prof. Stark não é católico. Educado como luterano, hoje se considera agnóstico.