Nossa guerra

A guerra cultural é cultural, porra, Só intelectuais podem vencê-le, e por meios intelectuais. Quem não tenha esses meios pode apelar às leis, à polícia, à propaganda, ao dinheiro, a tudo o que existe no mundo. Vai perder.

Hegemonias

TODA tentativa de controle estatal sobre as opiniões que um professor pode ou não pode emitir em classe é uma intervenção ditatorial indevida que só pode ter resultados desastrosos. O único meio legítimo de limitar os efeitos de uma opinião sobre a platéia é confrontá-la com outras opiniões, mas, no caso brasileiro, os professores comunistas já tomaram todas as medidas para impedir que isso aconteça. O problema nas nossas escolas não é, pois, propaganda e doutrinação, mas controle ditatorial da opinião por um grupo ideológico fanático e quase psicótico. Não precisamos de um controle igual e contrário, que só reforçará pela reação corporativa aquele já existente, mas de uma DISSOLUÇÃO DA HEGEMONIA por meio do debate público e do enfrentamento cultural ostensivo.

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Na mídia brasileira, até o liberalismo já virou “extrema direita”. A quota de diretismo permitido aproxima-se velozmente do nível zero, enquanto sobe ao infinito o número daqueles que, seguindo a opinião do Lula, consideram isso a perfeição da democracia.

 

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Antonio Gramsci ensinava que para conquistar o domínio hegemônico o Partido precisava formar um número suficiente de “intelectuais orgânicos” a serviço da sua causa. No meu entender, tentar formar “intelectuais orgânicos” com signo ideológico inverso só piora as coisas, pois petrifica o universo da cutura e o reduz a pura propaganda ideológica, uma situação imbecilizante e psicótica da qual, justamente, só o lado mais fanático e mais burro pode tirar proveito. A soliução é formar “intelectuais tradicionais”, como os chamava Gramsci, cuja visão do mundo transcenda infinitamente o quadro dos miíudos debates ideológicos do dia. É óbvio que a turma do Partido tentará carimbá-los como “intelectuais orgânicos da burguesia”, mesmo que para isso seja preciso apelar à falsificação completa das suas idéias.

 

 

 

Determinismo

Quando vierem com conversas de determinismo, responda o seguinte, Se Deus não concedesse às criaturas o poder de decidir suas ações, nem ao acaso os meios de decidir por si mesmo, ao menos de vez em quando, o curso das coisas, Ele estaria para sempre amarrado às conseqüências dos seus próprios atos, como um escravo da fatalidade, e não seria Deus de maneira alguma. A onipotência desmente o determinismo.

Bakhtin e eles

O livro de Mikhail Bakhtin sobre François Rabelais é uma das mais eruditas e eloquentes defesas da liberdade de linguagem. Nossos professores universitários rendem-lhe homenagem da boca para fora, ao mesmo tempo que impõem ao discurso público toda sorte de proibições politicamente corretas.

Indício e prova

Nenhuma opinião política é em si um crime, mesmo quando apregoada do alto das cátedras e dos púlpitos. O crime começa quando, prevalecendo-se da autoridade da educação, da ciência e até do Estado, ela implica a supressão ou deformação deliberada e sistemática das opiniões concorrentes e alternativas que lhe fazem contraste e sem as quais, por isso mesmo, ela deixa de ser um discurso político e se torna um fetiche hipnótico, uma operação de feitiçaria e um instrumento de dominação mental do seu público. Isso é precisamente o que parece acontecer nas universidades brasileiras em geral, nas quais o marxismo e as correntes que dele derivam adquirem o prestígio de uma verdade sacrossanta e induscutível precisamente mediante o silêncio ou a adulteração caricatural impostos às teorias e opiniões alternativas. O indício mais claro e indiscutível de que esse é realmente o estado de coisas no ensino universitário brasileiro foi dado pelo “Dicionário Crítico do Pensamento Brasileiro” (São Paulo, Mauad, 2000), no qual cento e tantos professores altamente representativos, patrocinados por verbas públicas, prometem apresentar as doutrinas às quais se opõem, e nada mais fazem do que escondê-las e torna-las inacessíveis, neutralizando mediante esse truque sujo qualquer perigo que elas pudessem oferecer à ideologia que desejavam infundir no seu público. Nesse caso, o discurso político assume as dimensões de um estelionato, agravado pelo fato de utilizar-se de verbas públicas, da autoridade do Estado e do prestígio da ciência.

No entanto, embora o número e o renome dos seus autores façam desse livro uma amostra significativa, e embora um primeiro exame de algumas dezenas de teses universitárias nas áreas de filosofia e ciências humanas sugira a onipresença de fenômeno semelhante em muitas universidades, seria temerário apontar esse livro como prova cabal de um crime geral e endêmico. Só a pesquisa exaustiva das teses e suas bibliografias pode comprovar as dimensões da conduta delituosa e justificar a adoção de medidas corretivas que, no caso mais extremo, podem ultrapassar a esfera da “guerra cultural” e tornar-se atos de ordem judicial ou legislatva.

 

http://www.olavodecarvalho.org/tudo-o-que-voce-queria-saber-sobre-a-direita-e-vai-continuar-nao-sabendo/

Pseudocultura

O discurso esquerdista padronizado, em qualquer das suas versões, torna-se dominante nas universidades, na mídia e no show business porque é a alternativa mais fácil, mais rápida e mais barata para um zé-mané egresso de um ambiente inculto sentir-se, de repente, um membro da classe pensante. Mal o cidadãozinho recebeu umas pinceladas dessa tintura, e ele já se autonomeia juiz do universo.
Só um zé-mané mais inculto ainda, no entanto, pode imaginar que esse estado de coisas se corrige trocando a cor ideológica do discurso-padrão ou impondo a imparcialidade por decreto.

O carro e os bois

Por exemplo, no caso das escolas com partido ou sem partido, os dois lados discutem acaloradamente nas audiências do legislativo, mas nenhum dos dois dá o menor sinal de estranhar que, numa questão qualquer, o debate legislativo anteceda o debate científico em vez de seguir-se a ele e guiar-se por ele. Essa obvia inversão da ordem do real mostra que, em todos esses debatedores, o desejo de mandar predomina sobre o desejo de conhecer. Ninguém ali é sério.